sábado, 1 de outubro de 2016

Povo marcado

Numa tarde fria, de chuva fina (porque a Barra tá mais pra penico de São Pedro nessa primavera), o homem chega e pergunta se ainda falta muito pra chegar no Barrashopping.
-Falta, moço. Pega o BRT ai em frente que ele lhes deixa lá. Vou à pé mesmo, ele diz e me conta que está vindo 'à pé' desde a Tijuquinha. Tijuquinha, pra quem não sabe, é longe pra dedéu, fica nos confins do mundo do outro lado do canal e tem que atravessar a ponte. (Aliás, qualquer distância na Barra é longe pra cacete. 'Qualquer' distância no Rio é 'logo ali' de baiano, ou seja é lá no raio que os parta, no cú do judas, ou mais além)! Está indo a uma entrevista de emprego na praça de alimentação e não tinha um vintém para a condução. Que está arrependido de ter vindo do nordeste. Falou que as pessoas da cidade grande são desumanas; não se apiedam, não são capazes de estender a mão.

Bem, ele sabe que não está de todo certo, mas também não está de todo errado...

Uma mão estendida vale mais que uma prece fingida.

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